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Sendo Vigiada, Capitulo 1
Sendo Vigiada, Capitulo 1

 

 

    Acordar agora era um desafio, uma grande e dificil desafio. Minha batalha com meu próprio coração, com minha própria alma era sem fim. Levantar da cama se tornou uma nova barreira, que nem um milhão de guerreiros consegueriam derrubar.

 

   Não dava pra fingir que tudo foi só um sonho, as marcas estavam na minha alma, dentro de mim, como se alguem tivesse cavado um buraco no chão e tivessem me enterrado viva, sem nem dó, nem piedade. De pouco em pouco tempo, meu coração havia virado um saco de pancadas.

 

    Por pelo menos 1 minuto estava invisivel nos corredores frios da escola, no outro momento todos me olhavam, sabendo o que aquele garoto fez comigo. Neste exato momento, implorava para desaparecer.

 

   Meus amigos eu nunca tive mesmo, somente Gabbe, uma bela morena de cabelos longos, e Nick, um garoto lindo de olhos castanhos e cabelo claro, que sempre estavam ao meu lado.

 

   Na sala, o tempo nunca passava, o sinal era minha unica saida do sofrimento, mas naquele instante me apareceu alguem, Trevor, o melhor amigo de Taylor, seu olhar de dor e dó era algo que não queria agora. Trevor, um garoto do time de futebol americano, que apesar de tudo era inteligente.

 

   -Olá, sinto  muito por tudo isso que ocorreu.- sua voz não estava como sempre, estava seca, calma, quase não saia, me surpreendeu ele, uma das pessoas mais fechadas da escola vir falar comigo, ele era a ultima pessoa que imaginei vir me dar consolos.

 

   -Oi, esta tudo bem, não precisa disso tudo.- a unica coisa que consegui fazer sair da minha boca, ele  não era o tipo de pessoa que queria que viesse vir falar comigo.

 

   -Se voce quiser, vem num passeio ao parque comigo hoje? pra voce pensar um pouco, desabafar..

 

   -Talvez, não sei se eu posso ou devo fazer isso ...                         

 

   -Olha, eu não aceito não como resposta !

 

   Sem nem esperar ele se virou e foi embora, me deixando naquela fileira de mesas bagunçadas sozinha. Fechando os meus olhos por um minuto e, a professora Thamara entra, e mais de bla-bla-bla, simplesmente me deu vontade de fazer ela engolir o livro...

 

                                              * * *

 

   E andando pelo corredor sombrio e frio, meus pulsos estavam loucos para serem cortados, como fazia com meus 11 anos, era um sentimento diferente de tudo que eu me lembrava, aquelas gotas todas caindo, era uma morte quase sem dor, mas eu me imaginava morta, todos rindo de mim. Mas algo eu sempre tinha certeza, nada estava fácil, mas não podia fugir de tudo como se fosse só mais uma brincadeira chata de crianças, que eu não quisesse mais.

 

   Eu que tecnicamente aceitei o belo passeio com Trevor, estava sem vontade para andar. Fiquei morrendo o dia todo, aos poucos, devagar, sem ar. Lá vinha Trevor, mordendo os lábios, com as mãos no bolso, que logo tirou e a estendeu em direção a mim, só o que poderia fazer era dar um sorriso e ir.

 

    Andando devagar, quase sem movimentos, assim nos sentamos num banco proximo a uma lagoa rodeada por arvores, e assim começei a desabafar com ele de um jeito que nunca havia desabafado com alguem, eu estava frágil, estava mal demais pra pensar em quem eu iria soltar o verbo. Mas nada do que eu fizesse agora, nada do que eu falasse agora iria adiantar ou mudar alguma coisa, o que ele fez não saia da minha cabeça, era impossivel.

 

   Conversamos tanto que fiquei sem voz uma hora depois, algo inevitável.

 

   Ser adolescente é dificil e acho que sempre foi e vai ser, complicações, problemas de relacionados a paixão, ilusões, drogas, sexo. Alguem realmente esta preparado pra tudo isso? Quando a bomba se explode de uma vez, voce sente vontade de morrer, mas necessitamos mesmo nos perguntar isso?

 

                                                * * *

 

   No meu quarto, sentada a janela, as gotas que caiam da chuva ,eram como minhas lágrimas  que caiam em meu rosto, borrando o resto da maquiagem que ainda existia. Sem nem sentir nada, alguma coisa que impulsionou para tras fazendo eu bater com minha cabeça num prego solto. Perfurando minha cabeça, sem nem sentir dor, os meus olhos iam fechando cada vez mais, cada vez mais pesados, tudo ficando mais escuro, era tudo que eu queria, mas não era minha morte, era só um machucado na minha cabeça, no centro de todas as coisas que eu preferia exterminar.

 

   Sem saber o que ocorreu depois, estava no meu sonho profundo, sem saber o que me ocorria, só via nuvens, gotas de agua, neve, eu sentada ao canto do quarto encolhida sem nenhuma palavra.

 

    Quando eu estava realmente gostando de estar daquele jeito, meu olhos se abriram, devagar, e lá estava uma mulher, morena de vestido longo, me olhando, e que logo gritou uma coisa como " Despertare Momentum", e logo acordei sem conseguir respirar, com aparelhos ao meu lado, e minha mãe com suas palavras calmas, tentando me acalmar.

 

   -Querida, Ashley, respira fundo, eu estou aqui com voce.- olhando ao fundo dos meus olhos, e passando a mão pelos meus cabelos.

 

    Minha cabeça doia mais que nunca, meus braços estavam praticamente imoveis, e nada, me fazia esquecer do que eu estava fazendo lá, estava esperando o mundo acabar comigo, como estava acostumado a fazer.

 

   Voltas e mais voltas, o mundo gira, e as pessoas mudam se quiserem, os fatos sempre vão ser os mesmos, os sentimentos se verdadeiros continuam lá, como estavam antes, sera que alguem que me procura me ve? Sera que sabe onde me procurar?

 

 

 

                                                           * * *

 

    A volta a escola depois de um mes, era algo totalmente dificil, nos corredores as pessoas me olhavam com uma incerteza, ou com certeza de que eu tentei suicidio. Em minha cabeça havia ma faixa, pelo ferimento, em meus braços haviam cortes, mas o que me deixava confusa era que eu só me lembrava do escuro me empurrando para trás, e depois disso não lembrava de nada, esses cortes eram algo que eu não sabia de onde haviam saido.

 

   Ainda haviam restos daquela noite dentro de mim, mesmo todos achando que eu havia tentado suicidio, não me importava mais com isso, ou me importava sim.

 

   Nick sempre me aparecia nas horas mais ruins, e la me apareceu ele, andando no meio de todos, correndo pra me salvar de toda aquela humilhação. Seus olhos brilhavam, seus cabelos pareciam mais escuros que nunca.

 

   -Vem, vamos no campo!- disse ele, pegando minha mão e me puxando dentro os corredores.

 

   Já ao campo, que estava vazio por não ter nenhum jogo, ou treino, só havia nós dois e o vento. Sentados um do lado do outro, sem falar nada só noslhavamos.

 

   -Ashley, eu não acho que voce tentou suicidio, foi só um acidente ne?

 

   -Sim, eu não sabia que havia um prego atras de mim, e um momento antes eu estava encostada na parede e no outro momento tinha aquele prego.

 

   -Isso não é normal Ashley, já falou isso pra outra pessoa alem de mim?

 

   -Não, como eu vo falar isso? Todos acham que eu tentei suicidio Nick, acham que eu sou louca.- abaixei minha cabeça no então momento que me deixou acabada.

 

   Ele com sua mão delicada, tocou meu ombro, ele havia me abraçado, minha vida sem Nick, nunca seria a mesma, ele era um irmão, mais que tudo nessa vida que eu necessitava.

 

   Ficamos lá, ate acordarmos pra vida e perceber que estava tarde demais para ir ao nosso karaoke.

 

   -O que voce acha de ir lá em casa pra nossa sessão de cinema, como faziamos antes?- disse Nick, me olhando com dó.

 

   -Paramos nos filmes de comédia certo?- e demos risada como sempre faziamos.

 

   -Sim, vem vamos.- ele pegou na minha mão, me fazendo sentir bem por estar protegida , as pessoas olhavam  como se fosse-mos namorados, mas sabiamos que eramos melhores amigos.

 

   Nossa amizade sem fim, nosso mundo sem palavras idiotas, os pensamentos babacas que só me faziam rir. 

 

   Pensamentos e ações, ações e reações, reações e consequências, consequências e arrependimentos, tudo se liga.