A cada passo que eu dava era outro pra um novo suicidio. Não falo mais com ninguem, o silencio é meu unico amigo. Palavras vem, palavras vão, meus pensamentos não mudam, minha atitudes não mudam. Não quero crescer, todos querem que nós crescemos, mudemos, mais eu não quero mudar, e muitos tambem não querem mudar.
O meu silencio inesplicável afetou a todos em minha volta. Perguntam se estou bem, digo que sim, mas estou mesmo? Eu ainda amo Taylor, não consegui esquece-lo, ele marcou minha vida, me mudou, mudou tudo. A unica coisa que sim, fez eu mudar tudo, para ser o que sou hoje.
Por ele talvez, ganhei meu papel de suicida. Tentei me matar pra não viver sem ele, como não consegui, fico no silencio mortal dos meus pensamentos.
Algumas mudanças no meu dia-a-dia, influenciaram muito no que eu iria escrever no meu diario, na verdade " o que eu iria contar a meu unico e fiel amigo..."
Palavras bobas, infantis talvez, só fizeram com que não conseguise tirar esses pensamentos da minha cabeça. Meio tolos, mais confortáveis para mim.
A caminho da escola, com meus passos calmos e pesados, só ouvia gritos, e no pensamento me vinha uma garota, de cabelos negros, mas não conseguia ver seu rosto, o cabelo cobria todo seu rosto. Ela vinha em minha direção, gritando, cada vez mais alto, cada vez mais perto.
Certas noites, eu sonhava com ela, e um garoto junto. Não entendo, mais queria saber o que significava, um pesadelo, ou uma dica de algo, talvez.
Nos sonhos ela era muito mais um pesadelo, era uma realidade, acordava as vezes com medo, suando. Naquela noite, fria e bem escura, acordei, suando, nervosa, era ela.
Como havia vindo a mim, só que dessa vez fazendo silencio, e no fim gritava. Olhando pro nada, via uma sombra, em minha poltrona a esquerda da porta. Sem podendo saber o que fazer, não conseguia ver o rosto de quem, mas o corpo e as roupas eram exatamente iguais as dos sonhos, estranho ou normal?
Só podendo sentir seu cheiro, ouvir seu respirar, e um silencio inesplicável que se abre no fim do poço. Só o barulho das gotas caindo, e a menos de 1 minuto chegando lá embaixo. Começei a tremer de nervoso, era novo isso. O garoto apareceu, do lado da poltrona, não paravam de me observar. Suas roupas estavam sujas de sangue, o rosto, limpo e impecável. Até, que o silencio foi quebrado e eles realmente resolveram falar comigo.
-Seja bem vinda.- disse a garota, jogando a roupa de lado, e mostrando seu vestido vermelho, tirando a peruca preta, e mostrando seus cabelos loiros, grandes e impecáveis.
-É ótimo te ter com a gente.- disse o garoto, aparecendo na luz, mostrando sua beleza perfeita.
-Quem são voces? Bem vinda aonde?
-Somos Transmetores.
-O que é isso?
-Preciso que voce venha conosco, posso te explicar tudo que quiser.
Uma luz, bem clara veio a meus olhos, me fazendo fecha-los. Um minuto após aquilo, meus olhos se abriram e só o que via eram arvores e arvores, com o céu escuro, cheio de nuvens, folhas secas ao chão, nada com o que eu não soubesse ver como um lugar normal. Uma mão tocou meu ombro, era da garota.
-Então, Ashley sou Julie, uma transmetora da luz.
-Para começo, o que é um transmetor?- começamos andar em direção a uma trilha, pequena, que nos levaria a um lugar qualquer.
-Transmetor é um ser que pode transformar seu passado, e tambem o futuro, mudando completamente o presente tambem. E tambem tem uma função de ter uma meta de vida, tendo um certo ciclo.
-Am? Como assim?
-Estou dizendo que um Transmetor pode transformar o tempo, as coisas, o espaço, tudo.
-E Transmetor da luz?
-É como se fosse uma pessoa do bem, Transmetores da luz tem a meta de vida de mudar a vida das pessoas para o bem, por sua vida na terra como humanos foi, é cheia de paz, entende?
-Um pouco, e existe do mal?
-Sim, Transmetores do escuro, tem a meta de vida de infernizar a vida dos humanos ate eles cometerem suicidio, ou morrerem por Transmetores infiltrados na terra.
-O que eu tenho a ver com tudo isso?
-Voce tem o sangue de um Transmetor. As coisas que vem te acontecendo são Transmetores do escuro, eles começaram o trabalho, e voce foi a escolhida desta vez. Isso acontece a cada 5 anos, e eles só param ate a pessoa morrer, e assim virar um Transmetor do escuro. Seus antepassados, eram Transmetores, metade da luz, e a outra do escuro.
-Voce ta dizendo que eu sou uma dessas coisas ai?
-Sim. Mas o mais curioso é que voce não apresentou poderes nem de Transmetora da luz, e nem Transmetora do escuro. Isso nunca aconteceu, e sua energia, atrai a todos nós.
-Uau, isso é ...
-Estranho? Eu sei.
Respirei fundo, e continuei andando junto com Julie, o garoto que eu ainda não sabia seu nome, andava atras de nós, e olhava para os lados como se alguem estivesse nos perseguindo. Depois de tanto caminhar pela trilha que parecia não ter fim, apareceu, uma espécie de mansão, só que aquele cenário de escuridão se perdeu, e o local era todo vivo, brilhante.
Seres corriam rápido de um lado para o outro, com uma beleza inesplicável. Caminhamos em direção a um jardim que havia 3 pessoas, uma mulher de cabelos morenos e longos, com um vestido impecável, todo branco.
-Olá Ashley, pensei que voce nunca chegaria.Sou Alice.- sua voz doce, era calma, e baixa. Uma educação que nunca havia visto.
-Olá.
-Julie, leve ela para a sala, e me espere, já irei.
-Sim, Ally.-Ally? era o nome da minha mãe, isso não era nada mais que normal? Viramos as costas e fomos em direção a tal sala.
-Julie, quem é ela?
-Ashley, essa é Alice, a primeira Transmetora do escuro, que escolheu ser da luz. Ela era do escuro, por seus antepassados, seu sangue era do escuro. Mas, por um motivo que nunca soubemos qual era, ela invocou a alma do primeiro transmetor da luz, e fez um pacto, na qual ela teve que se sacrificar para ser da luz. Ela foi condenada pelas forças, a ser da luz por toda eternidade, ate que..
-Ate que?
-Ate que um dia os Transmetores do escuro venham ate aqui, e acabem com tudo. Neste dia ela ira voltar a ser do escuro, e tambem poderá ajudar eles a acabarem com o mundo da luz.
-Então ela é meio a meio?
-Talvez.- ela terminou com risos, meigos.
Abrindo as grandes portas de madeira, com detalhes de vidro nas laterais, um verdadeiro castelo. Na sala estava Alice, que a um minuto atras estava no jardim, que confusão.
Na frente da janela, ela se virou, e seus olhos mudaram de cor. Estavam pretos.
-Sente por favor, Julie, pode ir obrigada.
Julie se retirou, e pude me sentar. Alice se sentou a cadeira em minha frente, a sua mesa era de madeira, estilo de moveis antigos.
-Ashley, é uma honra te-la conosco. Seus poderes podem ser bem usados por aqui.
-Mas eu não sei se tenho poderes mesmo. Voces que estão dizendo isso.
-Querida, olhe sua volta, coisas estranhas acontecendo não é? Seu diário ficando com páginas e páginas cheias de riscos pretos. O que voce acha que pode ser? Os pesadelos, tudo são os transmetores do escuro te atormentando.
-Como sabia de meu diário?
-Sou eu a garota dos sonhos, ou voce achava o que? Ando te vigiando, a semanas. Esperava que talvez, quando voce me olhasse soubesse disso. Mas isso não importa agora, precisamos de voce mais do que nunca, seus poderes são magnificos e precisamos dele.
-Mas, não sei que tipo de "poderes" voce diz que eu tenho.
-Por isso voce esta aqui, treinos.
-Treinos?
-Sim, vão servir para podermos entender melhor o que ocorre com voce.Agora, volte para casa com Julie, e não diga isso a ninguem.
E voltamos, nós duas, para aquela mesma trilha da qual tinhamos passado anteriormente. Silencio, palavras baixas, nada mais se completava, nem eu, nem nada.
Tudo que nunca começou, nunca terminou. Nada que não tem meio, não poderá ter fim. Mas aquelas palavras todas que, nunca foram ditas por ela, não poderiam ser ditas por mim. A face, a voz, o novo recomeço para um grande futuro. Abrimos a porta dos segredos, deixando tudo rolar.
O céu como sempre, estava escuro, como eu sempre esperava estava chovendo. Os pingos de chuva caiam, como se fossem lágrimas de uma mãe após perder o filho, não paravam mais. O dia todo se estendeu assim, chuva e palavras baixas.
Aguardando Julie, aparecer mais uma vez para me explicar certamente o que estava me ocorrendo neste momento. Uma memória me veio a pensamentos, que sempre havia uma dica da onde estaria minha resposta, e então, o porão.
Sempre minha mãe, guardava em caixas ou maletas, fotos e documentos do nosso passado, isso concerteza me ajudaria a responder perguntas que não queriam me deixar em paz. Porque eu ? O que eu poderia ser? Eu era um monstro?
Nenhuma atitude foi realmente pensada, só agi neste momento, me levantando da cama, e seguindo ao porão, um andar a cima de meu quarto.
* * *
Escuro, empoeirado, resumindo em uma palavra: porão. Tudo naquele local queria ter sido deixado em lembranças, nada seria mais usado daquele local. Sem nada a meus pensamentos, a procura de caixas com objetos, ou cartas que me mostrassem alguma coisa, ate uma poeira seria uma pista pra achar alguma coisa.
Ate que, esbarrei em uma maçaneta no chão, estranho ne, uma maçaneta no chão, mas estava lá. Escondida debaixo de toda aquela poeira, de todo aquele esquecimento. Já aberta a mini portinha, havia uma maleta, preta, um papel acima que deixava um recado " As lembranças esquecidas, aos poucos estão sendo escritas novamente" , nem pensei duas vezes e logo a abri.
Ainda havia muita poeira acima dela, as trancas eram douradas, ao passar os dedos acima delas havia simbolos, diferentes simbolos. No seu tampo interior havia fotos coladas, de um casal, feliz, no jardim do mundo dos transmetores da luz. Encontrei o que estava procurando: respostas.
-Eu já vi essa garota em algum lugar, é .... - olhei fixamente novamente, e descobri, gritei- Ally?
Minha mãe já sabia dos transmetores e nunca havia me contado, eu estava passando por tudo isso e ela nunca tocou nesse assunto comigo. Estava chocada com aquilo, fechei a maleta, e a tirei dali. Correndo pela casa, com aquilo nas minhas mãos, que eu não sabia se abriria novamente e veria o resto das coisas que ainda existiam ali, ou a guardaria e nunca mais colocaria a mão ali.
Ally estava dentro do meu quarto arrumando meu guarda-roupa quando cheguei, como eu ia esconder dela aquela enorme maleta dela? Mas resolvi não esconder dela, queria mais respostas, e isso ela querendo ou não teria que me dar.
-Ashley aonde voce achou isso?- virando pra mim assustada.
-Porque voce nunca me disse?- Nesse momento eu já estava chorando, indignada, com raiva.- Porque voce nunca me disse dos transmetores? Me diz? Tudo isso acontecendo comigo, e voce nem se quer fala pra mim o porque isso estava acontecendo, sendo que voce sabia Ally.- joguei a maleta no chão, e assim ela se abriu jogando papeis, e vidros com liquidos pra fora.
-Voce não sabe como foi dificil pra mim esse negócio todo de transmetor, eu sabia desde o inicio que voce passaria pelo mesmo que eu, e não queria te assustar...
-Chega de mentir pra mim mamãe, todos na escola acham que eu tentei suicidio, mas voce sabe muito bem o que aconteceu naquele dia. Voce sabia, voce sentiu que eles estão por perto, que me seguem e voce não faz nada? Boa forma de proteger sua filha, me da licença por favor.
-Filha, não é bem assim
-Me da licença, Ally.
Após sua saida, bati a porta com tanta força que senti que não era eu naquele momento. Fiquei lá, sentada no chão a noite toda, olhando as cartas que haviam, os relatos de Ally, as coisas ruins que ela havia passado na adolescencia. Nas sabia mais o que fazer, tudo me parecia tão mais confuso que nunca. Ally era uma deles, eu era uma deles, talvez ate Mandy poderia ser, não sei mais o que se passava na minha própria cabeça.
A verdade atrás dos fatos era que eu estava acabada, novamente deprimida, sem foco, sem alma. Me perdi, não consigo me encontrar no meio da multidão, uma bomba a mais e eu vou explodir completamente. Mais e mais pessoas por ai, e meu passado me condena.